Dossier Técnico

Publicado em Edição 16

Seguro incorporado

O seguro incorporado ou embutido tornou-se um dos temas mais quentes do setor, para distribuidores, seguradores, insurTechs emergentes e empresas de capital de risco, que o veem como um potencial gerador de receitas de elevada margem e de alto crescimento.

De acordo com um relatório da InsTech1, o mercado de seguros incorporados deverá crescer para 722 mil milhões de dólares até 2030 – mais de seis vezes o seu tamanho atual. Este crescimento será em grande parte impulsionado pela China e pelos Estados Unidos da América, que juntos representarão mais de dois terços do mercado global até 2030.

De uma forma simples, o conceito de seguro incorporado agrega coberturas ou proteções no âmbito da compra de um produto ou de um próprio serviço, oferecido em tempo real ou no ponto de venda (na Customer Journey).

Existem soluções que estão incluídas no produto / serviço, como por exemplo na compra de um novo telemóvel o pacote selecionado inclui proteção contra roubo ou outras soluções, como o seguro para uma moto que é sugerido no momento da aquisição do veículo.

Estes formatos beneficiam de uma vantagem de distribuição porque podem ser comprados onde os clientes estão e com marcas em que confiam. Podem tornar‑se características (muitas vezes diferenciadoras) de um produto em vez de algo que é comprado separadamente. Podem alavancar distintos tipos de dados para subscrição e reclamações. E porque fazem parte de uma oferta mais ampla, podem agradar ao cliente na entrega.

Globalmente, o conceito de seguro incorporado proporciona uma vantagem competitiva e permite que os players da atividade seguradora prosperem no atual ambiente B2B2C, reduzindo também os custos de aquisição.

A incorporação de seguros na jornada do cliente cria a oportunidade para aumentar o mercado. O velho ditado já diz: “o seguro não é comprado, é vendido”. A questão é que não é fácil vender seguros. Mas se for comprado no momento certo, torna‑se mais simples. Para muitos clientes, a ideia de comprar uma apólice de seguro única para proteger, por exemplo, um novo bem, pode parecer um esforço pesado e desnecessário. Em contrapartida, os seguros que estão incorporados noutras compras de produtos permitem que os clientes se protejam sem que haja um envolvimento precedente (ou mesmo nenhum) dando‑lhes uma maior paz de espírito.

Ao resumir a funcionalidade do seguro em tecnologia, o seguro incorporado permite a qualquer fornecedor/desenvolvedor integrar produtos de seguros inovadores nas jornadas de compra dos seus clientes de forma perfeita, rápida e a baixo custo. O benefício final é uma proposta de valor mais forte para os clientes, construindo assim a preferência da marca e, em última análise, a fidelização do cliente.

Mas, a mudança para um seguro incorporado não é tão simples como mudar o canal de distribuição. Muita coisa precisa de mudar.

A incorporação de seguros requer um produto simples, com explicações claras. As descrições têm de estar num texto simples, em vez de uma legalidade complexa. E os produtos terão de se afastar das exclusões para serem mais compreensíveis e vistos com maior confiança.

Facilmente se compreende que alguns seguros são mais fáceis de incorporar do que outros. Os produtos que requerem subscrição mais detalhada (pensem no seguro de vida onde os fatores de saúde e comportamento são fatores de subscrição), os que exigem uma compreensão do comportamento do cliente (por exemplo, o Cyber, onde os clientes têm um papel importante na prevenção) ou onde existam múltiplas exclusões, podem ser mais desafiantes para incorporar.

O seguro incorporado é o próximo passo natural para a indústria se quisermos refletir o facto de que o seguro está a tornar‑se mais sobre experiências em tempo real do que apenas sobre ativos.

Fonte: https://www.instech.co/insight/insurance-to-embed-or-not-to-embed

Os seguros incorporados chegaram e terão um papel de relevo no futuro dos seguros. A MDS também tem desenvolvido soluções que adotam o seguro incorporado durante todo o percurso do cliente, como o demonstra o seguinte estudo de caso com a Honda.
Sublinha ainda a importância da colaboração entre todas as partes interessadas para o sucesso do percurso do cliente.

Rui Santos | Diretor de Desenvolvimento de Parcerias, MDS Portugal

MDS | Corretor

Este produto tem subjacente uma tecnologia inovadora, introduzida pela MDS. Como foi o processo de construção desta solução tecnológica?

Depois de ultrapassado o primeiro desafio, que foi a negociação da solução com o mercado segurador, tínhamos ainda pela frente outro desafio enorme que era o de desenhar um processo simples e intuitivo que permitisse a contratação do seguro para as motos Honda, cumprindo a legislação da distribuição de seguros em Portugal.
A resposta a este desafio passava necessariamente pela tecnologia, desenvolvendo uma ferramenta digital numa lógica B2B2C, em que de um lado está a MDS e a solução de seguro e, no lado oposto, está o cliente final que comprou uma moto Honda num concessionário oficial da marca. Em parceria com a tecnológica Think Future a MDS desenvolveu a app ”Safe Go Premium” que permite a contratação online do seguro das motos Honda, novas e usadas, no momento da compra ou da
revisão/manutenção junto do concessionário oficial Honda, com a emissão e entrega da documentação em poucos segundos. Dado tratar-se de algo inovador em Portugal, o sucesso deste projeto deve-se à perseverança da equipa de IT (MDS e Think Future) conjuntamente com toda a equipa do segurador Lusitania, a quem mais uma vez parabenizo.

Em termos de distribuição quais as iniciativas que a MDS tem vindo a desenvolver para o sucesso desta operação?

Esta é uma operação cujo sucesso depende naturalmente da distribuição, pois o produto é vendido juntamente com a venda das motos. Dessa forma, desde o início deste projeto que foi também envolvida a equipa comercial que acompanharia
a parceria no terreno.
O resultado foi muito positivo, pois a equipa ficou a conhecer todo o processo desde o seu desenho, o que permite hoje um acompanhamento importante e assistência de todas as necessidades do cliente final, à concessão e à Honda. Estamos presentes nos eventos comerciais Honda, visitas a concessionários e obviamente no acompanhamento dos clientes por gestores dedicados.
Os resultados obtidos deixam-nos extremamente satisfeitos e a prova disso foi o êxito no arranque desta parceria que ficou marcado pela forte iniciativa da Honda na promoção das soluções de seguros desta parceria “Honda Base, Honda Protection e Honda Protection Plus”, com a simplicidade da sua contratação.

Oscar Adraos | Gestor de cliente, Munich Re

Munich Re | Ressegurador

Quais os elementos diferenciadores deste produto de seguro, nomeadamente em relação à sua cobertura, simplicidade, etc.?
O produto desenvolvido pela Honda, MDS e Munich RE procura aliar as necessidades de cobertura dos compradores de motocicletas a condições económicas realmente atrativas.

Do meu ponto de vista, uma das maiores vantagens deste produto é a possibilidade de segurar a moto com facilidade na hora da compra e esquecer outros processos, como é a compra do seguro. Além disso, existe a flexibilidade de ser um seguro modular onde se pode comprar desde um seguro mais básico até um mais completo. E, por fim, o vendedor da moto dá o preço do seguro ao cliente durante a compra da moto, em tempo real, o que é uma comodidade para o cliente.

Em termos de preço, estamos aqui perante aquilo a que se chama uma “tarifa plana”. Querem explicar‑nos do que se trata?

Claro, a resposta é simples. Considerando o conhecimento dos produtos a serem segurados (motocicletas) por parte
do fabricante, que é a Honda, e o conhecimento do comportamento dos seguros por parte da MDS e Munich RE, projetámos um produto que se adapta a qualquer tipo de cliente que adquira um produto Honda. Ou seja, seguramos mais ao nível da motocicleta e não do condutor, o que é algo mais flexível e inovador para o cliente final. Desta forma somos mais eficientes a nível de processos, e consequentemente a nível de preços, monitorizando sempre os resultados para que sejam positivos para todos — clientes e fornecedores do seguro.

Ana Isabel Carvalho | Diretora de Seguro Automóvel e Assistência, Lusitania

Lusitania | Segurador

O que atraiu a Lusitania neste modelo de negócio?

No primeiro impacto, por se tratar de um negócio proposto em parceria com três entidades prestigiadas, MDS/Special-Insurance, Munich RE e Honda.

Adicionalmente, podermos enriquecer o nosso conhecimento num segmento de mercado, à partida pouco apetecível, com repartição de risco e usufruindo da experiência que a Munich RE detinha do negócio, acabou por se revelar decisivo.

O potencial de negócio, a associação da marca Lusitania à Honda, as características dos seus clientes no mercado português e as condições de comercialização, fecharam o ciclo.

Quais as características da subscrição deste seguro que o tornam tão apelativo para o consumidor final?

O modelo de subscrição do seguro agrega a apresentação das garantias, a aceitação do risco, a elaboração da proposta de seguro e a entrega da documentação contratual, num processo rápido e simples, a um preço muito competitivo.

Em termos práticos, a Honda tem a possibilidade de, no ato da venda da mota, adicionar o seguro automóvel, proporcionando uma experiência relevante ao cliente.

José Luís Correia | Diretor de Motociclos, Honda Iberia

Honda | Fabricante

Quais as vantagens da venda de um produto com um seguro associado?
A Honda procura sempre disponibilizar a melhor experiência aos seus clientes pelo que é muito importante apresentarmos as melhores soluções e serviços.
Sabemos que para garantir a satisfação dos clientes e a sua fidelização não basta fornecer uma moto de excelente qualidade.
É preciso, também, ir de encontro às necessidades complementares dos clientes, quer durante o processo da compra, quer durante o tempo em que os clientes vão utilizar a sua moto. Neste caso específico, julgamos muito importante ter a possibilidade de disponibilizar um serviço de seguros porque antecipamos e facilitamos a solução de um serviço que, obrigatoriamente, o cliente tem de adquirir. Em síntese, as vantagens são essencialmente para os nossos clientes, que beneficiam de seguros de qualidade, vocacionados e à medida das suas necessidades, com várias opções e preços competitivos, e ainda da facilidade de subscrição que é disponibilizada através da nossa rede de concessionários.

O que os levou a procurar a MDS como parceiro nesta solução?

A Honda é o maior fabricante de motos do mundo e líder no mercado nacional pelo que era fundamental associarmos a nossa imagem e estratégia a um parceiro de elevada qualidade, com a dimensão, as competências e os serviços adequados aos nossos objetivos.
O Grupo MDS é uma das referências internacionais do setor dos seguros, com atuação à escala global, especialistas nas mais diversas áreas de consultoria e corretagem de seguros e também líderes do mercado no nosso país, pelo que foi com grande objetividade e naturalidade que tivemos o privilégio de celebrar esta parceria sustentada por uma excelente equipa de profissionais que seguramente nos ajudará a reforçar a liderança do mercado de motos em Portugal.

João Veiga

Cliente

Ao adquirir um produto, vê como vantagem a inclusão de um serviço agregado como um seguro?

Sim, é uma grande vantagem, visto que o processo pode ser todo tratado pelo concessionário, neste caso a Wingmotor. Não me tive de me preocupar com nada, apenas facultar os dados que me pediram para poder sair com a minha nova máquina do stand no dia combinado!

No seu caso, o que foi determinante para a aquisição do seguro? Qual o seu grau de satisfação com o processo?

Rapidez no processo, preço bastante competitivo. Muito satisfeito.

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AUTORES

André Figueiredo

André Figueiredo

Diretor de Negócio de Retalho - MDS Portugal

Licenciado em Gestão de Empresas pela Universidade do Minho, possui ainda uma Pós‑Graduação em Marketing Digital no Instituto Português de Administração e Marketing e uma outra Pós‑Graduação em Análise Financeira pela Faculdade de Economia do Porto. No seu percurso profissional destaca‑se, desde 2008, a coordenação do negócio Seguros Continente: conceito pioneiro em Portugal, que através da parceria com a SonaeMC (negócio do retalho alimentar do Grupo Sonae), se dedica à venda de seguros para o mercado massificado de clientes através de canais diretos: site e call center. Iniciou a sua atividade profissional em 1998, ocupando cargos de Responsável de Cash Management na Sonae Turismo,
Responsável de Desenvolvimento, Controller e Responsável de Contas de Clientes na Modelo Continente SGPS.