Thomas Piketty, Nature, Culture, and Inequality, London: Scribe, 2024, 82 páginas.
O último livro de Thomas Piketty é baseado numa conferência realizada na Société d'Ethnologie, em França, e discute a evolução da desigualdade de rendimentos e de riqueza ao longo dos séculos. Mas sublinha a contingência histórica e, acima de tudo, o papel da política e da mobilização colectiva.
Embora os dados mostrem uma tendência para uma maior igualdade social desde o final do século XVIII, verificou-se um abrandamento desde o final do século XX. O autor relaciona a redução da desigualdade com a cultura política e, especificamente, com as mobilizações políticas coletivas que pressionam os governos nacionais a instituir uma tributação progressiva, a financiar a educação aberta a todos os grupos sociais e a encorajar a governação participativa e o envolvimento dos trabalhadores nas decisões das empresas. Para tal, Piketty inclui dados sobre as realidades de França, Suécia, outras partes da Europa Ocidental e dos EUA, e comenta brevemente a desigualdade de género, a dívida colonial e de guerra, a ascensão do Estado-providência e as alterações climáticas.
O autor defende que não existe um estado natural de desigualdade. A desigualdade dos recursos naturais também não é determinante para as disparidades. Por exemplo, o facto de existir petróleo na Noruega e na Nigéria, leva a resultados sociais e económicos muito diferentes. Em vez de serem os recursos a determinar a desigualdade, os factos sugerem que são as instituições escolhidas por estas sociedades que determinam os diferentes resultados, sendo elas próprias o produto das respetivas histórias social, cultural e política. Um ensaio desafiante.