
Jacob Heilbrunn, America Last: The right’s century-long romance with foreign dictators, New York: Liveright, 2024, 264 páginas.
Para Heilbrunn, jornalista e editor do National Interest, o caso de amor da ultradireita americana com Viktor Orbán (e Vladimir Putin) é apenas a mais recente manifestação de uma linha autoritária de longa data na política americana: um desejo consistente, ainda que periodicamente silenciado, de uma espécie de “paraíso estrangeiro” mais vital, hierárquico e escondido, que sirva de modelo à própria democracia desregrada, decadente e demasiado liberal dos EUA.
Esta tradição, sugere Heilbrunn, remonta pelo menos à Primeira Guerra Mundial, quando escritores como H.L. Mencken e George Sylvester Viereck elogiavam a Prússia do Kaiser Wilhelm II. Entretanto, essa corrente sobreviveu ao período entre guerras, manifestando-se nos louvores do diplomata Richard Washburn Child a Benito Mussolini; na promessa do chefe da Legião Americana, Alvin Owsley, de “proteger as instituições e os ideais do nosso país, tal como os fascistas lidaram com os destruidores que ameaçavam a Itália”; nas relações fascistas dos magnatas Merwin K. Hart, Henry Ford e Thomas Lamont; e nas peregrinações do aviador Charles Lindbergh à Alemanha de Adolf Hitler, onde aceitou a Cruz de Serviço da Águia Alemã das mãos de Hermann Goering em 1938. Vale a pena recordar que o mesmo Lindbergh avisou, em 1939, que a América enfrentava uma “infiltração de sangue inferior” da Ásia, um precursor da frase de campanha de Donald Trump sobre os migrantes que “envenenam o sangue do nosso país”.
Este livro tem o condão de pôr tudo em perspetiva e sublinhar algumas linhas de continuidade que nos escaparam. O resultado está à vista.