Jonathan White, In the Long Run: The future as a political idea, London: Profile Books, 2024, 272 páginas.
A democracia, escreve o professor da London School of Economics, Jonathan White, é "uma forma orientada para o futuro, sempre necessariamente inacabada". Para que a democracia funcione é fundamental que as pessoas acreditem num futuro em aberto: que existem alternativas ao status quo, que a sociedade pode evoluir de várias maneiras e que as pessoas podem escolher pacificamente e de forma negociada o seu rumo. Embora o otimismo em relação ao futuro tenha contribuído para construir a democracia, ciclos prolongados de negativismo coletivo expressos por desaceleração económica, mudanças climáticas, novas tecnologias disruptivas e uma tensão geopolítica aberta, podem conduzir a um raciocínio inverso, de que o futuro não parece favorecer a democracia.
O novo livro de White, habilidoso e atraentemente escrito, toma o título da piada de Keynes. No seu cerne está um exame das tensões com as quais a democracia se confronta com questões de longo prazo. A sensação de que estamos no limite fornece o contexto da política contemporânea, numa ameaça de emergências que tudo consome. As alterações climáticas sucederam à guerra nuclear iminente como o perigo mais significativo, mas a desigualdade económica, a instabilidade internacional, a inteligência artificial e, claro, as pandemias, acrescentam uma finitude aos dilemas contemporâneos, que parecem bloquear o crescimento da fé na democracia.