
Rush Doshi, The Long Game: China’s Grand Strategy to Displace American Order, New York: Oxford University Press, 2021, 419 páginas.
É talvez a grande questão da geopolítica contemporânea: afinal, qual é a grande estratégia da China para as próximas décadas? Alcançar mais influência nas instituições internacionais existentes ou estabelecer uma arquitetura alternativa? Dominar a região da Ásia-Pacífico ou algo mais? Retirar o estatuto de potência global dominante aos Estados Unidos? E como o fará?
Rush Doshi, investigador da Brookings, que após publicar este livro passou a dirigir a pasta da China no Conselho de Segurança Nacional na Administração Biden, arruma a argumentação de maneira maximalista e ambiciosa, na qual os objetivos de longo prazo da China passam por quebrar o sistema de alianças dos EUA, estabelecer uma rede global de bases militares, monopolizar tecnologias de ponta, dominar o comércio com a maioria dos países e promover elites autoritárias em todo o mundo. Como evidência, cita extensivamente os escritos e discursos de líderes e pensadores chineses, para depois inferir o seu significado em ações concretas e cada vez mais assertivas da China.
No último século, a Alemanha nazi, o Japão imperial e a União Soviética, nunca alcançaram 60% do PIB americano, o que faz da concorrência da China atual uma singularidade, aceleradas a partir das eleições americanas de 2016. A partir daqui, e das ambições chinesas identificadas, Doshi considera irrealistas as propostas de acomodação como as estratégias para subverter o regime chinês, sugerindo outras fórmulas para os Estados Unidos desfocarem a influência da China, através de uma diplomacia multilateral mais ativa e da reconstrução da ordem internacional, fortalecendo as suas alianças e incentivando o crescimento interno.