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Absentismo por Doença – uma oportunidade para a integração
A HEALTHIER WORKPLACE
O absentismo por doença é um problema para muitas empresas. O objetivo deste artigo é desafiar a abordagem convencional desintegrada ao problema, e sugerir que a coordenação entre os diferentes intervenientes envolvidos é tem potencial para reduzir o impacto negativo do absentismo nas organizações. Na MDS, acreditamos que a possibilidade de acrescentar valor nesta área é significativo.
De uma forma geral, podemos considerar que a empresa “confia” a três intervenientes a responsabilidade da gestão da saúde/doença dos seus colaboradores: (i) Serviço de Medicina do Trabalho (MT) - obrigatório, (ii) Seguro de Acidentes de Trabalho (AT) – obrigatório; e (iii) Seguro de Saúde e Serviço Nacional de Saúde (SNS) – sendo o primeiro opcional, numa lógica complementar ao SNS.
A MT tem uma importância estratégica na gestão do absentismo. Ao ser uma obrigatoriedade legal, garante que os colaboradores realizam exames de admissão, periódicos e ocasionais.
Estas interações são uma oportunidade para (i) a prevenção, identificação de problemas de saúde e encaminhamento. É fundamental que o médico tenha a capacidade de referenciar/encaminhar de forma simples para uma rede de profissionais de saúde capazes de gerir os casos (por exemplo, através do acesso a uma plataforma de marcação de consultas/exames). Muitas vezes, quando apenas é feita apenas uma sugestão e o ónus de procurar e marcar uma consulta é colocado do lado do colaborador, faz com que muitos “encaminhamentos” não se concretizem.
Tendo em conta a crescente dificuldade de acesso ao SNS, o seguro de saúde tem uma importância cada vez maior na garantia de acesso a cuidados de saúde. Aqui, a disponibilidade para apoiar o colaborador a navegar estas jornadas, garantindo o “handover” adequado entre entidades (“concierge”), é um serviço de valor acrescentado com potencial para crescer.
Por outro lado, a MT é crítica na (ii) atribuição de restrições médicas e na gestão do regresso ao trabalho por doença. Nas ausências superiores a 30 dias, por motivo doença natural ou AT, é obrigatório que seja realizado um exame ocasional.
Algumas vezes, em concreto nos AT, o médico do trabalho e o colaborador discordam da decisão de regresso à função (parcial ou total) tendo o direito de contestar a decisão. Nestes casos, é útil poder expor os argumentos à direcção clínica da seguradora AT, para reavaliar o caso de forma rápida. Este canal de comunicação entre a MT e a seguradora AT existe, normalmente por email, sendo um processo impessoal e por vezes demorado. Com excepção de algumas grandes empresas, com estrutura interna para ter uma relação directa com a equipa clínica da seguradora, existe a oportunidade para o corretor, através da sua equipa clínica, fazer a ponte entre a empresa e a seguradora, agilizando a resolução destes processos. A nossa experiência nesta área confirma a necessidade e o benefício para as empresas.
Nos casos de AT em que o sinistro é recusado por motivos legais (ausência de nexo, pré-existência, decisão sobre alta ou outro) e o colaborador mantém a necessidade de tratamento, é encaminhado para o SNS. Como referido acima, este processo não é simples, e os tempos de resposta do SNS fazem com que a resolução dos casos demore, com prejuízo para todos os envolvidos. Também aqui existe uma grande oportunidade para o encaminhamento e gestão proactivos dos casos ter impacto na redução do absentismo.
O próximo artigo irá continuar o argumento apresentado, focando-se nos dados de saúde das várias “áreas” - Medicina do Trabalho, Acidentes de Trabalho, Seguro de Saúde e Baixas Médicas – e de que forma poderiam ser integrados, cumprindo com a legislação de protecção de dados, para permitir uma visão holística do perfil de saúde da empresa e do absentismo por doença.